Energia elétrica
Aneel aprova reajuste de 52% na taxa extra da conta de luz
A bandeira vermelha dois, a mais cara e a que está em vigor hoje por causa da crise hídrica, vai subir em julho de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts consumidos por hora. O novo valor vai aumentar as contas de luz em quase 5% e podem existir outros, ainda este ano
A Agência Nacional de Energia Elétrica anunciou nesta terça-feira (29) reajuste nos valores das bandeiras tarifárias.
A partir de julho, a conta de luz em todo o país vai vir mais cara.
Em reunião nesta terça-feira (29), a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou novos valores para as bandeiras tarifárias, que são uma taxa a mais cobrada de todos os consumidores quando o custo para gerar energia sobe.
A bandeira verde não gera cobrança extra. As taxas vão aumentando com as bandeiras amarela e vermelha, que é dividida em patamar um e dois. A bandeira vermelha dois, a mais cara e a que está em vigor hoje, vai subir de R$ 6,24 para R$ 9,49 para cada 100 quilowatts consumidos por hora, um aumento de 52%.
O reajuste contrariou a área técnica da agência, que havia recomendado uma alta ainda maior na bandeira vermelha dois, para R$ 11,50. Na reunião, os diretores da Aneel decidiram abrir uma consulta pública no próximo mês para discutir mudanças na metodologia de cálculo das bandeiras tarifárias e, possivelmente, reajustar os valores.
Segundo a Aneel, a nova bandeira vermelha dois vai aumentar as contas de luz em quase 5% em média e a tendência é que a cobrança dessa bandeira seja mantida até novembro.
O cenário dos recursos hídricos é desafiador: a seca que atinge os reservatórios das hidrelétricas é a maior dos últimos 91 anos. Com isso, é preciso aumentar a geração de energia das termelétricas, que usam a queima de combustíveis, e têm um custo maior.
“Estamos num momento de escassez, ou seja, eu não tenho água e em função disso a geração de energia elétrica está cara pelo fato de estarmos usando o combustível das térmicas. A gente pode fazer uma analogia, que o que nós estamos vivendo é muito parecido com o que pode acontecer com qualquer produto que depende do clima”, diz o diretor-geral da Aneel, André Pepitone.
Diante deste cenário, há a possibilidade de novos reajustes na conta de luz ainda neste ano.
O coordenador do grupo de estudos do setor elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde de Castro, afirma que o governo pode adotar mais medidas para reduzir eventuais riscos de racionamento.
“Deslocar a demanda, ou seja, via tarifa mais cara para o consumidor consumir menos. Pedir, fazer um acordo com as indústrias que consomem muita energia para deixar de consumir no período do pico, que é o anoitecer, quando a demanda de energia cresce tanto que você precisa de muito mais energia. E pelo lado da oferta, é tudo o que for possível produzir energia, produzir porque nós estamos com menos água ”, explica.
Aumentos na conta de luz impactam na inflação e, indiretamente, nas contas do governo federal. Isso porque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC, que é um dos índices de inflação do país, é utilizado para reajustar diversos tipos de gastos da União, como aposentadorias.
Segundo o Ministério da Economia, um aumento de 5% na conta de luz tem como consequência uma redução de R$ 2,3 bilhões no valor total que a União tem para gastar no ano.
Fonte G1 com Jornal Nacional
Postado por Gustavo Mesquita em Notícias