Os bancários capixabas reunidos na Conferência Estadual, realizada de 17 a 19 de junho, em Nova Almeida, Serra, aprovaram por unanimidade o índice de 22,5% como reivindicação na Campanha Salarial 2011. As propostas de índice, de eixos e de mobilização, assim como as demais reivindicações, serão levadas à Conferência Interestadual, a ser realizada nos dias 16 de julho, em Niterói/RJ, e, posteriormente, à Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, evento que acontecerá no final de julho, no qual é fechada a minuta a ser apresentada aos banqueiros.
O índice aprovado pelos capixabas é composto pela inflação do último ano (setembro de 2010 a agosto de 2011), cuja previsão é de 7,5%, mais 15%, percentual que equivale à metade da lucratividade dos bancos em 2010. Além do índice geral, os bancários querem negociar nas mesas específicas dos bancos públicos as perdas acumuladas de setembro de 1994 a agosto de 2010.
O índice de lucratividade dos seis maiores bancos brasileiros foi de 30% em 2010 e se mantém nos primeiros meses de 2011. “Essa lucratividade é muito superior se comparada aos resultados de outros setores da economia. Os bancos, portanto, têm condições de valorizar o bancário, com um reajuste salarial compatível com os lucros”, afirma o diretor do Sindicato e representante dos capixabas e da Intersindical no Comando Nacional dos Bancários, Idelmar Casagrande.
Outra reivindicação dos capixabas é o fim dos correspondentes bancários, que consolidam um modelo de sistema financeiro no Brasil de “bancarização sem bancários”, como destacou em sua palestra durante a conferência a professora doutora Maria Alejandra Caporale Madi, do Instituto de Economia/UNICAMP. “As mais recentes resoluções do Banco Central sobre o tema (resoluções 3954 e 3959/11) abriram todas as portas para os bancos, pois essas instituições podem até criar seus próprios correspondentes e oferecer ainda mais serviços, com custo menor e sem contratar bancários. Isso é um absurdo para os clientes, que ficam sem serviço especializado e segurança num ambiente não bancário, e para a categoria, que perde postos de trabalho”, afirma o coordenador geral do Sindicato, Jessé Alvarenga.
O fim das metas também vai ser defendido pelos bancários capixabas. “Estabelecimento de metas já é algo abusivo. Os bancários têm suas atividades prescritas, não precisam ser pressionados para cumprir metas”, afirmou a diretora do Sindicato e membro do Coletivo de Saúde Bernadeth Martins. Esse modelo de gestão por metas adotado hoje nos bancos para garantir a alta lucratividade tem provocado adoecimento entre os trabalhadores.
Eixos Os eixos que devem nortear os debates e ações sindicais da Campanha Salarial 2011 da categoria bancária, na avaliação dos capixabas, são: remuneração compatível com lucratividade dos bancos; defesa do emprego, da saúde do trabalhador, da segurança nos bancos, da isonomia e igualdade de oportunidades; contra a terceirização e contra os correspondentes bancários; pelo fim das metas e pela estatização do sistema financeiro.
Mobilização
Os bancários aprovaram, ainda, a ampla e imediata mobilização da categoria. O calendário nacional prevê a entrega da minuta à Fenaban em meados de agosto. Assim, se os banqueiros não negociarem até o dia 31 de agosto, os bancários capixabas defendem a greve a partir do dia 1º de setembro.