Em negociação realizada nesta sexta-feira (2) com o Santander, em São Paulo, representantes dos trabalhadores repudiaram as milhares de demissões e o corte de 3.216 empregos nos últimos 12 meses, sendo 2.290 no primeiro semestre deste ano, conforme balanço divulgado na última terça-feira (30). Os dirigentes sindicais também cobraram respostas das várias pendências da última reunião do Comitê de Relações Trabalhistas (CRT).
Rotatividade e redução de empregos
O corte de vagas não se justifica. O banco obteve lucro de R$ 2,929 bilhões no primeiro semestre.
Esse modelo de gestão, baseado na redução de custos, através da rotatividade e do corte de empregos, piorou ainda mais as condições de trabalho, sobrecarregando e adoecendo os trabalhadores e prejudicando o atendimento aos clientes.
Não é à toa que o banco liderou pelo quinto mês consecutivo, em junho, o ranking de reclamações do Banco Central.
Reestruturação
O banco trouxe alguns dados sobre a reestruturação que está em andamento, informando a nova organização da vice-presidência executiva de varejo, que envolve o alto escalão. Duas diretorias de rede foram extintas em São Paulo, assim como as de Santa Catarina e Paraná, com a redistribuição das agências. Houve também fechamento de regionais.
Além disso, conforme o balanço do primeiro semestre, o Santander extinguiu 12 agências e 19 PABs. Os representantes do banco disseram que 20 agências foram fusionadas no período, apontando que a reestruturação ainda não acabou.
Os dirigentes sindicais cobraram a manutenção dos coordenadores nas agências. Muitos foram demitidos e hoje as funções são assumidas pelos caixas, inclusive a guarda das chaves em várias unidades, o que é ilegal e expõe os colegas ao risco de sequestros.
É impossível uma agência trabalhar sem coordenador porque acaba acontecendo do caixa ter de fazer esse trabalho. Além de ser acúmulo de tarefa, caracteriza-se como desvio de função.
Os representantes do banco negaram que o cargo de coordenador está sendo extingo. Os dirigentes sindicais reivindicaram participação no processo de reestruturação para discutir o impacto para os trabalhadores.
Bolsas para estudo
O banco informou que das 2.500 bolsas previstas no acordo aditivo à convenção coletiva foram concedidas 2.412, estando hoje 88 em aberto. No entanto, houve 298 pedidos não atendidos, muitos por falta de documentos, que ainda podem ser regularizados para completar as vagas pendentes.
Os dirigentes sindicais reivindicaram que as bolsas para primeira graduação sejam ampliadas para segunda graduação e pós, propondo que essa discussão ocorra já ao final deste ano, para que os avanços possam ser usufruídos pelos trabalhadores no primeiro semestre de 2014.
Caixas, estagiários e aprendizes
Além do comunicado já entregue anteriormente aos dirigentes sindicais sobre as atividades de caixa, onde consta a não existência de metas individuais para venda de produtos, o banco apresentou cópia do manual de instrução sobre as tarefas de estagiários e aprendizes.
"É vedado ao estagiário realizar venda de produtos comercializados na agência ou formalizar operações bancárias", afirma o manual. "Não é permitido ao jovem aprendiz ter metas comerciais", estabelece.
Retirada das ações judiciais contra entidades sindicais
Os dirigentes sindicais continuaram a discussão com o Santander sobre a retirada das ações judiciais movidas pelo banco contra o movimento sindical. Novos debates serão realizados.
Não aceitamos a tentativa do banco de calar a voz dos trabalhadores. É preciso respeitar o direito de liberdade de expressão das entidades sindicais e valorizar o diálogo social e a mesa de negociação para buscar soluções.
Funcionários estrangeiros
Mais uma vez, o banco não apresentou números sobre o total de funcionários estrangeiros no Brasil, porém negou que haja substituição de brasileiros por trabalhadores de outros países.
"Queremos informações sobre os estrangeiros que trabalham aqui, bem como sobre os brasileiros que atuam em unidades do banco no exterior", salientou a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Vera Marchioni.
Terceirização nas homologações
Os dirigentes sindicais voltaram a cobrar o fim da utilização de terceirizados como prepostos nas homologações junto aos sindicatos. O banco ficou de analisar o problema.
Pendências
O Santander não trouxe respostas para várias pendências, como a redução de juros e isenção de tarifas para funcionários na ativa e aposentados e a concessão de uma folga no dia do aniversário. O banco também não apresentou data para a retomada do grupo de trabalho do SantanderPrevi.