Banco Central prevê novas aquisições e fusões de bancos menores

Para sobreviver no novo cenário econômico-financeiro, os bancos pequenos e médios terão de se capitalizar e encontrar novas áreas de atuação. Segundo o diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles, a crise de 2008 provocou "mudanças estruturais" no sistema financeiro, diminuindo a liquidez antes disponível a esses bancos.

Casos como os do PanAmericano e Schahin, que entraram em dificuldades e tiveram de ser comprados para não fechar as portas, e do Morada, que sofreu intervenção do BC, colocaram em xeque a principal fonte de recursos de instituições do mesmo porte: a cessão de carteiras de crédito. "Alguns bancos precisam adaptar suas estratégias para ficar mais rentáveis e sustentáveis no longo prazo. Se têm passivo caro e ativo menos rentável, no médio e longo prazos podem ter dificuldades", disse Meirelles ao Valor.

O diretor do BC acredita que a nova realidade obrigará o mercado a se consolidar. Os bancos podem usar o instrumento da cessão de carteira, mas não devem depender apenas desse mecanismo para se capitalizar. Terão de encontrar novos negócios e, se possível, associar-se a outros atores. "Esses bancos [pequenos e médios] precisam aumentar o capital para reter parte do crédito que originam. É isso que vemos nesse movimento de consolidação".

Meirelles assegurou que no Brasil, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos e na Europa no pós-crise, o Banco Central não vai interferir nas negociações. "Nós acompanhamos, mas não são movimentos que precisem ser orquestrados pela autoridade financeira, como é o caso dos EUA, da Espanha e de outros países europeus", afirmou. Segundo ele, apesar dos problemas ocorridos no pós-crise, são poucos os bancos que necessitam fazer ajustes. Os que precisam "têm plenas condições de se adaptar apenas retendo mais resultado".

Os sete maiores bancos brasileiros respondem por 81% dos ativos, enquanto os médios - 36 instituições - ficam com 16%. Dados oficiais referentes a março mostram que as 95 instituições restantes têm apenas 3% dos ativos. "Esse é um nível de concentração normal na indústria bancária", assinalou Meirelles. Ele disse que, apesar da consolidação esperada, o número de bancos deve aumentar no país nos próximos anos, devido ao interesse de instituições estrangeiras em atuar no mercado nacional. 

Fonte V
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