Lucro na morte
BB, Bradesco, Itaú e Santander lucram R$ 157 bilhões em 2 anos de pandemia
Além da alta dos juros e das tarifas, lucros extraordinários foram obtidos com cortes de vagas, terceirização e sobrecarga de trabalho. Juntos, Banco do Brasil e Bradesco fecharam mais de 16 mil postos de trabalho no setor. Enquanto isso a população acumula dívidas e permanece desempregada
Os três maiores bancos privados do Brasil registraram R$ 69,4 bilhões de lucro em 2021, em meio à pandemia. Trata-se de alta média de 34,8% em relação ao ano anterior. Já o Banco do Brasil (BB) anunciou ontem terça-feira (14) que obteve lucro líquido AJUSTADO de R$ 21,021 bilhões no ano passado, alta de 51% na comparação com 2020. Desse modo, somados aos R$ 67 bilhões de 2020, quatro dos maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander e BB) acumulam em dois anos de pandemia R$ 157,4 bilhões – a Caixa ainda não divulgou seus resultados.
As receitas cresceram em função da elevação dos juros e das tarifas bancárias. Mas o lucro dos bancos também foi graças ao aumento da exploração dos trabalhadores do setor. O BB, por exemplo, fechou 7.076 postos de trabalho em 2021, seguindo a trajetória de redução de empregos verificada nos últimos anos. O Bradesco, do mesmo modo, extinguiu cereca de 9.000 vagas, no período, apesar dos R$ 26 bi de lucro.
No Itaú Unibanco, os funcionários reclamam da sobrecarga de trabalho, apesar da alta de 45% nos lucros, que totalizaram R$ 26,8 bi. No Santander, que engordou seus ganhos em R$ 16,3 bilhões, as despesas com pessoal caíram 1,7% no mesmo período, apesar de o banco ter anunciado aumento de vagas.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil teve um resultado no 4º trimestre que superou até as expectativas da direção da empresa, com um crescimento de 60% no lucro líquido, sem os ajustes para a inadimplência, em relação ao mesmo período de 2020: R$5,9 bilhões. O mercado tinha, por consenso, uma avaliação de um lucro de R$4,78 bilhões. Se for levado em consideração apenas o lucro líquido contábil, após itens extraordinários, a soma é de R$ 5,352 bilhões, alta de 67,3% na comparação anual.
“O resultado está na fórmula corte de pessoal + exploração por metas + exposição irresponsável de funcionários à transmissão por Covid-19. Foram milhares de colegas contaminados nas agências, por conta da política negacionista da direção do banco seguindo o exemplo do chefe Jair Bolsonaro”, explica Eneida Koury, presidente do Sindicato dos Bancário de Santos e Região e bancária do BB.
Bradesco
Apesar de seguir registrando balanços positivos, o Bradesco fechou 448 agências. Em razão disso, inclusive, os trabalhadores denunciam sobrecarga de trabalho, aumento da exploração e piora no atendimento ao cliente. Apenas com o que arrecada com tarifas, a instituição cobre 128,66% de sua folha de pagamento, incluindo a PLR.
“O Bradesco desempregou milhares de pais e mães em plena pandemia para obter esse lucro, fechou agências e dispensou vigilantes colocando em risco a vida dos trabalhadores e clientes”, diz Ednilson dos Santos, dirigente sindical do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e funcionário do Bradesco.
Itaú Unibanco
No Itaú Unibanco, os lucros foram equivalentes a mais de duas vezes e meia o gasto com pessoal. Somente o valor arrecadado com as tarifas, o banco consegue pagar toda a sua folha de pagamento e ainda sobram R$ 18,4 bilhões. No ano passado, o banco ampliou a sua base de clientes em 32,5%.
“O Itaú gera seu lucro magnífico com sobrecarga de trabalho, pressão por metas, demissões, fechamento de agências, irresponsabilidade com a prevenção contra a pandemia com exposição dos funcionários em agências lotadas”, explica Élcio Quinta, presidente eleito do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e bancário do Itaú.
Santander
O banco espanhol foi o primeiro a apresentar seus resultados. O lucro líquido de R$ 16,3 bilhões representou alta de 7% em relação a 2020. Não por acaso, as operações brasileiras respondem por 26,9% do lucro global da instituição. O banco abriu cerca de 4,2 mil postos de trabalho no ano passado. A maior parte, no entanto, não são de bancários, mas funcionários terceirizados. Assim, as despesas com pessoal, incluída a PLR, caíram 1,7% no período.
“O Santander vem por anos demitindo, fechando agências, explorando funcionários com metas, tentando dar golpes nos direitos dos bancários, abrindo agências em algumas localidades aos sábados, o que é ilegal conforme a CLT; não respeitou as normas de segurança como o “lockdown” decretado pelas prefeituras da Baixada Santista, em 2021, para prevenir contra a contaminação pelo novo coronavírus, e convocou os funcionários a trabalharem dentro das agências escondidos. Em pleno acordo de home office - entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) - empurrou os colegas para visitas de porta em porta nas ruas pouco se importando se iriam contrair, disseminar entre os familiares e até morrerem pelo vírus”, ressalta Fabiano Couto, secretário de Comunicação do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Escrito por: Tiago Pereira com edição da Comunicação do SEEB de Santos e Região
Fonte Rede Brasil Atual
Postado por Gustavo Mesquita em Notícias