Desmatamento

BB e BNDES são bancos que mais financiam setores que desmatam

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BB e BNDES são bancos que mais financiam setores que desmatam

As duas instituições financeiras lideram empréstimos e investimentos no setor de commodities, principal responsável pela destruição das florestas no país, aponta estudo da coalizão internacional Florestas e Finanças, integrada pela Repórter Brasil

 

O Banco do Brasil e BNDES são as instituições brasileiras que mais financiam setores ligados ao desmatamento no país, de acordo com um estudo lançado, dia 01/10, pela coalizão internacional Florestas e Finanças, da qual faz parte a Repórter Brasil. São bilhões de dólares direcionados, via empréstimos ou investimentos, para indústrias como a da carne bovina e outras empresas de commodities — o principal responsável pela derrubada de florestas no Brasil.

 

O Banco do Brasil é, de longe, o maior financiador desse setor. Foram US$ 30 bilhões liberados entre 2016 e 2020, principalmente por meio de crédito rural. No mesmo período, o BNDES foi o maior provedor de investimentos a empresas com o chamado “risco de desmatamento”, com US$ 3,8 bilhões, em valores de abril de 2020. Mais da metade desse montante direcionou-se ao setor de carne bovina, seguido pela indústria de papel e celulose.

 

 Com um olhar internacional sobre a questão, o estudo revela que os maiores bancos globais liberaram empréstimos de US$ 154 bilhões a companhias que produzem e negociam commodities nas três áreas onde há grandes florestas tropicais no mundo – Brasil, Sudeste Asiático e África Central e Ocidental.

 

Além do estudo, a Coalizão Florestas e Finanças também disponibiliza um novo banco de dados, de acesso gratuito, que monitora o fluxo de crédito no mundo e permite pesquisas sobre ele. O objetivo é ampliar a transparência e também pressionar as instituições financeiras a terem mais rigor sobre seus clientes, em um momento em que a temporada de incêndios florestais parece mais devastadora do que a de 2019.

  

“Bancos globais e investidores estão conscientemente financiando as gigantes do agronegócio, produtoras dessas commodities, que estão justamente alimentando os fogos”, diz Merel van der Mark, coordenadora da coalizão. Além da Repórter Brasil, fazem parte do grupo Rainforest Action Network, TuK Indonesia, Profundo, Amazon Watch e BankTrack.

 

O desmatamento quase dobrou nos últimos dez anos no mundo, apesar de vários compromissos multilaterais e da indústria com o desmatamento zero. Em 2019, atingiu 11,9 milhões de hectares. As florestas são desmatadas principalmente para produção de commodities como carne, dendê, celulose, borracha, soja e madeira.

 

Os dados mostram que, no geral, o financiamento de commodities aumentou 40% desde que o Acordo de Paris foi assinado, em dezembro 2015, para conter o aquecimento global. Em abril deste ano, véspera do início da “temporada do fogo” na Amazônia brasileira, os investidores detinham US$ 37 bilhões em títulos e ações das empresas do setor.

 

“Apesar dos compromissos do setor financeiro com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris, sua busca por lucros está nos levando a um desastre climático e de saúde pública”, critica Merel. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o desmatamento e a perda associada de habitat da vida selvagem são fatores críticos até no surgimento de doenças como a Covid-19.

 

O estudo mostra que apenas 15 bancos são responsáveis por cerca de 60% dos US$ 154 bilhões em financiamento concedido a empresas com risco de desmatamento desde a assinatura do Acordo do Clima de Paris. Oito desses bancos são signatários dos Princípios para Responsabilidade Bancária da ONU, que inclui o compromisso de alinhar as operações bancárias com o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo o ODS 15 para “interromper o desmatamento [e] restaurar florestas degradadas” até 2020.

 

Em termos de origem dos financiamentos, os bancos do Brasil, China, Indonésia, Malásia, Estados Unidos e Japão representaram os maiores fluxos de financiamento. Essas descobertas ilustram a falta de regulamentações e políticas corporativas necessárias para alinhar o setor financeiro com as prioridades ambientais e sociais globais.

Fonte Repórter Brasil
Postado por Gustavo Mesquita em Notícias

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