A UNI Finanças lançou na última terça-feira (28) uma campanha internacional por meio da qual sindicatos e trabalhadores de todas as categorias e em todos continentes podem assinar uma carta online a ser encaminhada ao presidentes do Santander no Brasil, Jesús Zabalza, e do grupo na Espanha, Emilio Botín.
A campanha é uma resposta à tentativa do banco espanhol de intimidar as entidades sindicais no Brasil por intermédio de ações na Justiça, ferindo direito à liberdade de expressão e à organização sindical.
"O banco utiliza a estratégia de levar para a Justiça um tema que deveria ser abordado na esfera do trabalho. O melhor caminho para esse tipo de situação é o estabelecimento imediato de uma mesa de diálogo disposta a escutar e avaliar os problemas que ambas as partes têm a apresentar", defende a UNI Finanças em comunicado da campanha.
Além de organizar a campanha, a UNI Finanças, braço do sindicato global que representa três milhões de trabalhadores no planeta da área de finanças e seguros, encaminhou no último dia 22 uma carta para os dois dirigentes do banco. Os documentos foram assinados pelo chefe mundial da UNI Finanças, Márcio Monzane.
Tentativa de calar o movimento sindical
O Santander deveria apostar no caminho do diálogo e da negociação coletiva. Não aceitamos a tentativa de calar o movimento sindical. Trata-se de mais uma prática antissindical do Santander que agride a organização dos bancários de todo Brasil.
Vamos entrar com todas as medidas judiciais cabíveis e intensificar a mobilização da categoria para defender o direito de expressão das entidades sindicais na luta por emprego, condições dignas de saúde, segurança e trabalho, e melhoria do atendimento aos clientes.
Essa postura representa, na verdade, um ataque ao movimento sindical como um todo e não somente aos bancários. A estratégia fere o direito de organização e liberdade de expressão, com a clara tentativa de coibir a luta por melhores condições de trabalho. Por isso, o movimento sindical buscou apoio da UNI Finanças na realização de uma campanha mundial que denuncie e repudie esse desrespeito. O movimento não irá se calar mesmo diante da tentativa de intimidação por parte da instituição financeira.
Abuso
Essa não é a primeira vez que o Santander tenta, através de ações indenizatórias por danos morais, intimidar a atuação das entidades representativas dos bancários no Brasil. Em 2011, o banco entrou na Justiça em função do protesto no dia da decisão da Copa Libertadores entre Santos e Penharol, que tinha o Santander como patrocinador.
Quatro entidades (Contraf , Fetec, Sindicato dos Bancários de São Paulo e Afubesp) foram condenadas em primeira instância a pagar uma indenização de R$ 1,5 milhão, mas recorreram da sentença e aguardam julgamento.
Naquela ocasião, as entidades denunciaram a prática de demissões, os bônus milionários pagos aos altos executivos e o desrespeito com os aposentados do antigo Banespa, adquirido pelo Santander em 2000.
Em janeiro de 2013, o Santander entrou com uma ação indenizatória contra o Sindicato dos Bancários de Santos e Região, por conta dos protestos contra as demissões em massa realizadas às vésperas do Natal 2012, tentando intimidar e proibir judicialmente as ações do Sindicato contra as maldades praticadas pelo banco espanhol.
Agora o banco apela à mesma tática em função dos protestos recentes contra falta de funcionários, pelo fim das demissões, das metas e do assédio moral.
O banco entrou novamente na Justiça contra o movimento sindical em vários estados do país, alegando "prejuízo irreparável à imagem do Santander chegando a beirar a barbárie". Em São Paulo, o banco requereu uma condenação ainda superior a R$ 1,5 milhão, uma vez que a primeira não trouxe o efeito esperado, ou seja, calar os trabalhadores.
Solidariedade
Os bancários brasileiros receberam o apoio e a solidariedade de trabalhadores do Santander de diversos países da América Latina e Europa, que compõem a Rede Sindical do Santander, durante a 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais dos Bancos Internacionais, ocorrida de 6 a 8 de maio, em Assunção, promovida pela UNI Américas Finanças e Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul.
Representantes sindicais assinaram uma declaração de repúdio encaminhada aos presidentes Zabalza e Botín.