Unidade é o desejo comum entre as entidades
Unidade é o desejo comum entre as entidades que compõem a construção e a formação da nova central sindical que represente a realidade da classe trabalhadora brasileira. Cerca de 3 mil participantes de todo o Brasil assistiram a abertura do Congresso da Classe Trabalhadora na manhã desta sábado (5), no Centro de Convenções Mendes, em Santos (SP). A atividade prossegue até amanhã (6).
A nova central tem por objetivo ser classista, combativa e internacionalista. Na mesa de abertura, o representante da Intersindical, Edson Carneiro (Índio), saudou a delegação internacional, enfatizando que a luta internacional dos trabalhadores deve ser direcionada contra o imperialismo. Para o sindicalista, o Congresso da Classe Trabalhadora acontece em um momento importante para a reorganização da classe. “É um instrumento de luta para mudarmos a realidade social, política e econômica em nosso país. Temos a tarefa de elaborar um plano de ação, um plano de combate para enfrentar a política do governo e dos patrões, como o plano de previdência ou o veto que Lula quer fazer ao reajuste do salário. Precisamos é criar um instrumento novo de luta e unitário e não apenas fazer uma somatória”, conclui Carneiro.
Sebastião Pereira (Cacau), coordenador da Conlutas, enfatizou a importância da nova central em congregar trabalhadores que estão há anos na luta e os que recém estão começando. "Aqui neste congresso estão companheiros que participaram dos Conclats e da fundação da CUT na década de 80. Mas também há colegas novos, assim como a juventude". Cacau lembrou que a idéia da unificação das duas centrais sindicais, Conlutas e Intersindical, não é algo recente, resultando do amadurecimento do debate. "Em 2006, em Luiziânia [Goiás], não nos unificamos. Por caminhos diferentes, estamos aqui hoje nos unificando. É isso o que importa", disse.
Os movimentos sociais alertaram para a importância da construção do novo. “Após 55 anos de luta me contagio com o idealismo que vejo neste Congresso. No entanto, é preciso um instrumento novo, porque a atual estrutura sindical legitima a exploração que o capital provoca nos trabalhadores”, ressaltou o coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo, Waldemar Rossi. Janira Rocha, do MTL (Movimento Terra e Liberdade), fez um pedido para que os participantes do Congresso, apesar da sua grandeza, não se vangloriem. "A percepção dos nossos limites é muito importante para que possamos construir um plano de luta dos trabalhadores. Nosso plano não deve ser para parar o Brasil amanhã, já que não é possível, mas sim refletindo as nossas organizações", afirmou.
O Congresso é considerado o início de uma organização da classe trabalhadora e dos movimentos sociais, de acordo com o dirigente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Poulos. “O Congresso é um ponto de partida e dará um salto de qualidade. Mesmo reunindo tradições diferentes como os movimentos sindical e popular, o desafio é uma central unitária”.
Rumo à nova central
Os participantes do Congresso da Classe Trabalhadora também têm bastante expectativas em relação à nova central. Francisco de Assis, integrante do MTL (Movimento Terra e Liberdade) de Faina, no Goiás, espera que a nova entidade consiga unir os trabalhadores do campo e da cidade. "Que se chegue a um acordo para resolver os problemas dos trabalhadores do campo e dos sindicatos", disse.
A professora Lindomar Federighi, da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em São José do Rio Preto (SP), quer que a nova central defenda os trabalhadores. "Esperamos que saiam propostas que atendam às reivindicações dos trabalhadores. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) está atrelada aos patrões e ao governo, buscamos um caminho novo. Que o encontro seja bastante proveitoso para a classe trabalhadora", afirmou.
O Congresso da Classe Trabalhadora foi convocado pela Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), Intersindical (Instrumento de Luta, Unidade de Classe e de Construção de uma Central), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), MAS (Movimento avançado sindical), MTL (Movimento Terra Trabalho e Liberdade) e PO (Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo)
Delegação Internacional saúda os trabalhadores brasileiros
Representantes do mundo do trabalho de 24 países prestigiam o Congresso da Classe Trabalhadora e foram aclamados pelo plenário. O dirigente sindical da Federação dos Servidores Públicos da Grécia, Sotiris Martalis, saudou o congresso e a luta dos trabalhadores brasileiros. O sindicalista abordou a situação econômica, social e política vivenciada em seu país nos últimos dias. Também saudou o congresso o representante da Batay Ouvriye, Didier Domenique e ressaltou a solidariedade ao povo haitiano como um exemplo de internacionalismo da classe trabalhadora.
Cerca de 100 outros convidados da América Latina, Alemanha, Espanha, França, Itália, Suíça, Japão, Estados Unidos e Rússia participam das discussões.