Revivalista do folk tradicional que virou ícone...
Foi em 1961 que o crítico de música popular do jornal New York Times, Robert Shelton, viu apresentações em cafés pouco afamados de um músico meio caipira, meio anárquico, recém-chegado de Minneapolis. Gostou do que viu e, principalmente, do que ouviu. Shelton foi o primeiro jornalista a dar indicações ao público sobre a voz áspera e as letras abrasivas de Bob Dylan – que fez 70 anos 24/05.
Também foi a partir desses shows que os dois estabeleceram uma longa e íntima amizade, culminada em 1986 com o livro No Direction Home: a Vida e a Música de Bob Dylan (Ofício das Letras, 768 págs., R$ 99). Quando Bob Dylan chegou em Nova York, no congelante inverno de 1961, seu repertório era praticamente composto só por canções folk, algumas datadas de 100 anos antes – o que não era uma surpresa, já que o revival do folk estava atingindo seu auge na época, com nomes do mainstream como Joan Baez e o Kingston Trio atraindo a imprensa.
A edição brasileira é parte de um relançamento mundial para comemorar o septuagésimo aniversário do músico. No Direction Home: a Vida e a Música de Bob Dylan foi atualizada com a completa discografia do músico, análises sobre cada canção e 16 páginas de fotos dos momentos mais marcantes da vida dele, além de ser acrescida de vários trechos inéditos do manuscrito original encontrados no espólio de Shelton.
História definitiva
Para muitos, a biografia escrita por Robert Shelton é a história definitiva sobre Bob Dylan. Amigo íntimo do músico, Shelton pode conhecer e entrevistar toda a família de Bob, amigos de infância, namoradas e desafetos, mergulhando profundamente na formação cultural e musical dele.
Amigo, observador e – às vezes – conselheiro, o escritor consegue dar luz e humanidade a um homem taciturno, introspectivo e de um humor cáustico. Em No Direction Home: a Vida e a Música de Bob Dylan, transborda a figura peregrina que procura a iluminação e a salvação, o marido, pai e, principalmente, o gênio que escreveu músicas tão marcantes quanto Blowin 'in the Wind, Don't Think Twice, Like a Rolling Stone e Knockin' on Heaven's Door; ou tão apocalípticas e proféticas quanto Maggie's Farm, Desolation Row e Hard Rain.
Sua carreira envolveu sonoridades acústicas, depois relacionamento bem sucedido com a guitarra elétrica (apesar das críticas feitas, na época, pelos fãs mais conservadores do artista), letras de amor e canções de protesto que marcaram uma geração. Altos e baixos também estiveram presentes nas décadas de carreira de Dylan, mas o cantor e compositor conseguiu se manter no time dos nomes mais significativos da música mundial.