Dando sequência à série de ataques aos direitos dos trabalhadores, o Banco do Brasil demitiu, no último dia 18, um funcionário lotado em Brasília que havia ingressado com ação na Justiça reivindicando o pagamento das 7ª e 8ª horas.
Nem mesmo as ótimas avaliações foram suficientes para frear as perseguições do diretor da Diretoria de Finanças (Difin), Márcio Hamilton Ferreira, e que resultaram na demissão do funcionário, que estava há 26 anos no banco e recentemente concluiu doutorado em economia na Universidade de Brasília (UnB).
Segundo o bancário, a perseguição teve início em 2010, quando ainda era lotado na Difin e foi selecionado no Programa UniBB de pós-graduação do banco, possibilitando sua dedicação integral ao projeto de doutorado na UnB.
As retaliações iniciaram com a polêmica acerca dos serviços a serem desempenhados durante as 15 horas semanais que deveria ir ao banco. O propósito do normativo interno era que, neste período, fossem realizadas tarefas associadas à sua pesquisa acadêmica com a finalidade de torná-la aderente aos objetivos do banco.
Contrariando o normativo interno, a Difin exigiu que as referidas horas fossem dedicadas às atividades normais, sem realizar quaisquer outras que fossem relacionadas à pesquisa.
Em novembro de 2010, logo após o bancário ingressar com ação na Justiça reivindicando o pagamento das 7ª e 8ª horas, as perseguições ganharam força a ponto de a Difin querer abrir mão do projeto de pesquisa desenvolvido pelo funcionário, o que implicaria prejuízos ao banco e ao funcionário, já que não haveria a garantia de retorno no cargo compatível com sua formação.
Para encerrar as perseguições, a Diretoria de Gestão de Pessoas (Dipes) sugeriu ao funcionário que a pesquisa fosse patrocinada por outra diretoria. A pesquisa, então, foi aprovada pela Diretoria de Crédito (Dicre), que assumiu o patrocínio em junho de 2011 e seguiu até sua conclusão, em dezembro de 2012. Neste ínterim, o diretor Márcio Hamilton Ferreira deixou a Difin e assumiu a Dicre, retomando as perseguições.
Ao invés de assumir o cargo de assessor sênior, garantido aos que finalizam o doutorado com patrocínio do banco, o bancário recebeu o comunicado de sua demissão sem justa causa. O documento, assinado por Márcio Hamilton, comprova o desrespeito aos normativos internos do Banco do Brasil e ao trabalho dos bancários.
A falta de clareza nos critérios adotados para a demissão apenas fortalecem os indícios de perseguição.
Pelo caráter público que possui, o banco deveria se pautar pela transparência de suas ações e decisões internas. Estamos diante de mais um caso de claro desrespeito às normas internas do Banco do Brasil.