Os bancos, que em diversas rodadas de negociação da Campanha dos Bancários 2020 insistiam em reajuste zero para a categoria, finalmente avançaram na proposta. Após várias horas de negociação, que iniciou às 16h de quinta-feira 27 e se estendeu até a manhã desta sexta-feira 28, a Fenaban (federação dos bancos) propôs reajuste de 1,5% para salários, com abono de R$ 2 mil. E ainda a reposição da inflação (estimada em 2,74% no período) para demais verbas, como vales alimentação e refeição e auxílio-creche/babá.

"Temos de levar em consideração a conjuntura de pandemia de Covid-19, que impactou não somente na economia, com 80% dos acordos trabalhistas fechados em agosto abaixo do INPC, mas também na nossa organização, uma vez que mais de metade da categoria bancária encontra-se em home office, uma vitória do movimento sindical para garantir segurança aos trabalhadores diante do coronavírus, mas que resulta em dificuldades para a mobilização. Outro ponto que deve ser considerado é a conjuntura difícil para os trabalhadores, com o governo federal pegando carona na pandemia para avançar mais rapidamente na retirada de direitos trabalhistas. E o fim da ultratividade, que faz com que nossa CCT perca a validade em 31 de agosto caso o acordo não seja renovado, outro ataque aos trabalhadores nesse contexto adverso iniciado no governo Temer, com a Reforma Trabalhista. Diante de todo esse cenário, e depois de 13 rodadas de negociação muito difíceis, com tentativas de retrocessos em cláusulas históricas da CCT por parte da Fenaban, consideramos que esta proposta, arrancada dos bancos com a força da categoria, é positiva", ressalta o Comando Nacional dos Bancários.

Manutenção da CCT e aumento acima da inflação em 2021

E para 2021, estaria garantida para todos a reposição do INPC acumulado na data base e aumento acima da inflação de 0,5% para salários e demais verbas como VA e VR, assim como para os valores fixos e tetos da PLR Fenaban. A proposta prevê ainda a manutenção de todas as cláusulas da CCT por dois anos, o que dá segurança para a categoria neste contexto de retirada de direitos dos trabalhadores.

PLR não será rebaixada

A Fenaban, que insistiu no início em rebaixar a PLR em até 48% , reforçou na mesa a manutenção da PLR nos moldes atuais e também propôs reposição da inflação (INPC estimado em 2,74%) para os valores fixos e tetos da PLR. Com a manutenção da regra e a atualização nos valores fixos e tetos, entre a primeira proposta e a atual, a PLR média estimada a ser paga nos três maiores bancos privados (Itaú, Bradesco e Santander) teve um acréscimo de 12,2% para o piso de escriturário e 9,4% para o piso de caixa.

Com mobilização bancos recuam

A Fenaban insistiu em reajuste zero para a categoria por diversas rodadas. Apresentaram três propostas rebaixadas de PLR, que reduziam em até 48% os valores a serem distribuídos aos trabalhadores, e ainda propuseram a retirada da 13ª cesta alimentação e a redução da gratificação de função de 55% para 50%. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou essas propostas na mesa. Com a mobilização digital da categoria nas redes sociais, os bancos recuaram nessas propostas rebaixadas. A proposta será levada para assembleia virtual permanente a ser agendada nos próximos dias.

Home Office terá cláusula específica

Pressionada a Fenaban vai garantir os direitos previstos na CCT por dois anos e concordou em clausular condições para o home office (teletrabalho) em conjunto com o movimento sindical, uma das principais reivindicações da categoria na Campanha 2020.

Obs.: até a produção desta matéria  o BB e a Caixa ainda negociavam seus acordos específicos. Logo mais publicaremos as respectivas propostas.