Greve
Greve dos Correios pelos direitos, reajuste e soberania do Brasil
Em greve desde as 22 horas do dia 10 de setembro, os trabalhadores dos Correios, em todo o país, se mobilizam para defender o caráter público da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) frente à ameaça de privatização. Além disso, oferecem míseros 0.8% de reajuste e retirada de direitos conquistados com muita luta há décadas.
A categoria ecetista reivindica da direção da ECT a reposição salarial, com base nas perdas geradas pela inflação e a defesa dos direitos conquistados pelos funcionários ao longo da história dos Correios.
Segundo Ribamar Passos, funcionário dos Correios e membro da Direção Nacional da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, “mesmo com todos os ataques e iniciativas de desmonte desde o governo Temer, a ECT é uma empresa saudável financeiramente, obtêm lucro e ao mesmo tempo oferece serviços de qualidade essenciais para a população brasileira, não há razão para a privatização e muito menos para o não atendimento das demandas salariais da categoria.”
Os correios não uma empresa estratégica para a integração nacional e garantia de direitos para o conjunto da população, em especial aqueles que vivem em comunidades isoladas dos grandes centros urbanos. É por meio dos Correios que vacinas, urnas eletrônicas, documentos de todo tipo e uma série de serviços públicos são distribuídos em todo o território nacional. Não há outra empresa brasileira que chegue em tantos lugares como os Correios.
A cobertura nacional da ECT é garantida, segundo Ribamar Passos, devido a sua natureza pública. Isso significa que operações que não possuem retorno financeiro são compensadas por outras que os têm, isso cria um equilíbrio positivo na empresa como um todo.
Os Correios é uma das instituições mais bem conceituadas junto à população, ficando atrás apenas dos bombeiros. Em pesquisa realizada pelo Data Folha, de 29 e 30 de agosto, a maioria da população (60%) é contra a privatização dos Correios, inclusive entre os próprios eleitores de Bolsonaro, afirma a pesquisa.
A privatização da ECT está na ordem do dia do governo, e entrou no rol das empresas que estão sob avaliação do BNDES para serem colocadas à venda. Porém o processo de privatização dos Correios não é um procedimento simples, além da forte resistência da população, a venda da empresa deve ser acompanhada de alteração na Constituição Federal, uma vez que alguns serviços são, por força da Constituição Federal de 88, de monópolio exclusiva da empresa pública. Para quebrar o monopólio, seria necessário uma PEC e a aprovação de três quintos dos parlamentares no Congresso Nacional.
Um risco que se corre é a privatização de partes lucrativas da empresa, como o serviço de Sedex, deixando pública apenas as operações deficitárias da empresa.
A liderança no serviço de entrega de encomendas exercido pelos Correios não é produto do monopólio, uma vez que estas operações também são realizadas por empresas privadas; o sucesso de deve ao corpo de pessoal comprometido e capacitado e um sistema logístico que não possui paralelo no setor privado. É nesta eficiência que as empresas privadas estão de olho, este é o interesse real por trás da proposta de privatização do governo.
Neste sentido, a greve dos trabalhadores dos Correios é justa, oportuna e a vitória é possível. Assim a Intersindical Central da Classe Trabalhadora reafirma seu compromisso com os trabalhadores ecetistas e seu apoio incondicional à greve da categoria, por entender que não se trata apenas de uma luta corporativa, mas de um ato de resistência em defesa dos direitos, dos serviços públicos, do patrimônio nacional e de nossa soberania.
Escrito por: Pedro Otoni
Fonte Intersindical Central da Classe Trabalhadora
Postado por Gustavo Mesquita em Notícias