Assédio sexual na Caixa
Presidente da Caixa é acusado de assédio sexual por bancárias
Em mais um escândalo no governo federal, Bolsonaro teria dito que as denúncias de assédio são "inadmissíveis", segundo interlocutores. Acuado, presidente da Caixa, Pedro Guimarães, prometeu "se defender na Justiça". Depoimentos das bancárias são fortes
As denúncias de assédio sexual feitas por servidoras da Caixa Econômica Federal (CEF) contra Pedro Guimarães caíram como uma bomba em meio à crise instalada no Planalto. Irritado, Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com Guimarães, com membros da área de comunicação do governo e com o filho, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, na noite desta terça-feira (28). A demissão é tida como certa e deve acontecer nas próximas horas.
Representação dos empregados e o movimento sindical pedem apuração imediata das denúncias contra o presidente da Caixa e segurança irrestrita às denunciantes.
Depoimentos são fortes
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, está sendo acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público. Após se unirem e denunciarem a suposta conduta do chefe máximo da instituição às autoridades, no final do ano passado, o caso está agora nas mãos do Ministério Público Federal (MPF), que o investiga sob sigilo. As informações foram reportadas com exclusividade pelo jornalista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles.
Os casos de assédio teriam ocorrido em situações em que funcionárias viajavam com Pedro Guimarães por determinação dele. As depoentes dizem que chamar mulheres que despertavam interesse no presidente da Caixa para ir a vários lugares do Brasil, supostamente a trabalho, era uma conduta cotidiana na agenda do bolsonarista.
Os depoimentos são alarmantes. As cinco vítimas relatam toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites incomuns e desrespeitosos, incompatíveis com a relação entre o presidente do maior banco público do país e suas empregadas.
A maior parte dos testemunhos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em vários locais de todas as regiões do país. O programa acumula, desde 2019, mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficam hospedados no mesmo hotel, ocasião em que ocorria o assédio.
Veja os depoimentos das funcionárias
Os casos de assédio teriam ocorrido em situações em que funcionárias viajavam com Pedro Guimarães por determinação dele. As depoentes dizem que chamar mulheres que despertavam interesse no presidente da Caixa para ir a vários lugares do Brasil, supostamente a trabalho, era uma conduta cotidiana na agenda do bolsonarista.
A reportagem do Metrópoles diz que conseguiu contato e entrevista com cinco das mulheres que acusam Guimarães e os depoimentos delas são fortes e contundentes. Embora elas tenham sido nomeadas na matéria original, presumivelmente com identificações fictícias, a Fórum optou por não caracterizá-las de forma alguma. Veja trechos das acusações:
“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas. Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele. Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não. Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, contou uma das depoentes sobre a conduta geral do presidente da Caixa.
“Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, falou outra funcionária sobre as “preferências” inconvenientes do economista.
“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange. Ele praticamente nunca tinha me visto antes. Eu falei que não ia”, disse uma bancária que o acusa de ter dado um beliscão em seu corpo e de tê-la chamado para nadar, sem sequer conhecê-la.
“Ele parecia um boto, se exibindo. Era uma espécie de dança do acasalamento”, revelou outra servidora da Caixa, dizendo que escutou de um de seus auxiliares a seguinte pergunta: “E se o presidente quiser transar com você?”
“Ele pede carregador de celular, sal de fruta, remédios”, falou uma das mulheres que acusam Guimarães sobre o hábito dele de aparecer no quarto delas, nos hotéis, durante viagens.
“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico”, narrou uma funcionária sobre o suposto assédio aberto.
“Ele abriu a porta com um short, parecia que estava sem cueca. Não estava decente. A sensação que tinha era que estava sem cueca. Muito ruim a sensação”, contou uma das denunciantes sobre uma das investidas que sofreu num hotel.
“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas. Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater”, disse uma funcionária que afirma também ter sido assediada.
Escrito por: Plinio Teodoro, Henrique Rodrigues
Fonte Revista Forum e Contraf com edição da Comunicação do SEEB de Santos e Região
Postado por Gustavo Mesquita em Notícias