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Recessão Técnica: PIB cai por dois trimestres seguidos em 2021

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Recessão Técnica: PIB cai por dois trimestres seguidos em 2021

O PIB do terceiro trimestre de 2021 registrou diminuição de 0,1% em relação aos três meses anteriores. Como se trata do segundo trimestre seguido que registra contração em relação aos três meses anteriores, em economia os novos dados apontam uma "recessão técnica"

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2021 registrou diminuição de 0,1% em relação aos três meses anteriores. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela medição.

 

Como se trata do segundo trimestre seguido que registra contração em relação aos três meses anteriores, em economia os novos dados apontam para o que se chama de "recessão técnica" - o que não necessariamente significará recessão de fato.

 

O PIB calcula a quantidade total de riqueza produzida por um país em um determinado período, apontando para o "tamanho" de uma economia. Em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre deste ano totalizou R$ 2,2 trilhões.

 

Doutor em economia pela Universidade de Paris, Paulo Kliass aponta que os percentuais devem ser entendidos de acordo com as comparações que representam. Assim, a pequena queda de 0,1% deve ser vista como uma certa estabilidade na economia entre o segundo e o terceiro trimestres de 2021. Ao se comparar 2021 com 2020, os resultados se tornam numericamente positivos.

 

"Essa divulgação de hoje não foge muito ao que estava sendo esperado. A recessão foi profunda de 2020. Como a atividade estava lá embaixo, na base, qualquer ganho é relevante [na comparação anual]. A gente não deve se impressionar com o valor em si, perceber não só a fotografia, mas a sequência do filme", explica.

 

No acumulado dos quatro trimestres (12 meses) encerrados em setembro, houve alta de 3,8% em comparação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Entre janeiro e setembro de 2021, o PIB registra alta de 5,7% em relação ao mesmo período de 2020.

 

"Não foi uma divulgação surpreendente. Mas pode indicar uma perda de intensidade na recuperação para o final do ano de 2021. Veja a Black Friday que fracassou. Até setembro, segundo a PNAD, o mercado de trabalho vem se recuperando com peso maior para o crescimento das ocupações informais. Corremos o risco de mais uma variação negativa do PIB no 4° trimestre de 2021. Não é uma certeza, mas existe esse risco", complementa Sérgio Mendonça, economista do Reconta Aí.

 

Para Mendonça, o cenário econômico brasileiro ainda apresenta alto grau de indeterminação e diversos elementos negativos. "Principalmente por conta da inflação, da estagnação da massa de rendimentos e também da elevação dos juros [Selic] que encarece o crédito para pessoas físicas, empresas e para o setor imobiliário - e a Construção. Pode haver queda na Construção Civil no 4° trimestre. Enfim, a incerteza está aumentando e pode comprometer os resultados do PIB", estima.

 

Em comparação com o terceiro trimestre de 2020, o PIB do terceiro trimestre de 2021 representa alta de 4%. A variação de -0,1% entre o segundo e o terceiro trimestres é composta por variações distintas por segmento. A Agropecuária caiu 8,0%, a Indústria apresentou esta (0,0%) e os Serviços subiram 1,1%.

 

"Se a Agropecuária tivesse caído menos, o PIB do 3° trimestre não seria negativo. Tem também um componente sazonal. A soja, que é a principal cultura da lavoura no Brasil, é colhida principalmente no 1° semestre. No 2° semestre a produção colhida é pequena. A comparação com 2020 também dificultou o crescimento [neste segmento]. Em 2020 a produção agropecuária foi muito alta", indica Mendonça.

 

Mendonça aponta que os dados do IBGE apresentam ainda a importância da construção civil para estabilidade na indústria na comparação trimestral: "A Indústria andou de lado e foi salva pelo avanço da Construção, pois tanto a Indústria de Transformação como a Extrativa apresentaram queda".

 

Em relação ao terceiro trimestre de 2020, a Agropecuária caiu 9,0%, a Indústria cresceu 1,3% e os Serviços registraram alta de 5,8%.

 

"Os Serviços continuaram em recuperação em função da vacinação. Mas um dado preocupa. Queda no Comércio [-0,4%]. A inflação começa a cobrar um preço na queda das vendas do Comércio. Qual será a tendência do 4° trimestre no Comércio?", finaliza Mendonça.

Escrito por: Rafael Locateli
Fonte reconta aí
Postado por Gustavo Mesquita em Notícias

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