O Santander Brasil contribuiu com 27% do lucro mundial do grupo espanhol e registrou R$ 1,766 bilhão no primeiro trimestre de 2012, segundo as regras contábeis brasileiras. O montante representa uma queda de 3,3% sobre o mesmo período de 2011, diante da alta de 44,3% nas provisões para devedores duvidosos em comparação aos primeiros três meses do ano passado, e uma elevação de 7,5% em relação ao lucro do quarto trimestre de 2011.
Conforme o padrão contábil internacional (IRFS), o lucro líquido foi de R$ 1,723 bilhão no primeiro trimestre, uma queda de 16,8% ante os R$ 2,071 bilhões obtidos em igual período de 2011.
Esse baita resultado bilionário, fruto do trabalho dos funcionários do banco, mostra mais uma vez a importância do Brasil para o desempenho mundial do Santander. Com todo esse lucro, o banco tem plenas condições de atender as demandas dos trabalhadores e aposentados, como a contratação de mais empregados, o fim da política de rotatividade e o pagamento do serviço passado no Plano II do Banesprev.
Representantes do movimento sindical destacam que está na hora de valorizar os funcionários. Quem aprovou a destinação de R$ 300 milhões este ano para remunerar apenas 64 altos executivos não pode deixar à margem o conjunto dos 55 mil trabalhadores do banco.
Além disso, o banco também possui recursos suficientes para corrigir as aposentadorias do pessoal pré-75 e efetuar o pagamento das gratificações semestrais estatutárias aos banespianos.
Números do balanço
A carteira de crédito total atingiu R$ 175,523 bilhões, alta de 19,6% em 12 meses e crescimento de 1,6% no primeiro trimestre deste ano. Segundo a instituição, a estratégia de expansão do crédito permanece amparada pelos segmentos de maior rentabilidade: pessoas físicas e pequenas e médias empresas.
O patrimônio líquido do banco somou R$ 66,105 bilhões, alta de 1,4% frente a dezembro, quando era de R$ 65,167 bilhões. O Índice de Basileia foi de 24% no primeiro trimestre, redução de 0,8 ponto porcentual no período e de 4,8 pontos em 12 meses.
A despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa somou R$ 3,091 bilhões no primeiro trimestre, uma alta de 44,3% ante os R$ 2,142 bilhões do mesmo intervalo de 2011.
O índice de inadimplência superior a 90 dias foi de 4,5% no primeiro trimestre, 0,5 ponto porcentual acima do registrado em igual período do ano passado e estável em relação ao quarto trimestre de 2011 (4,0%).
Os ativos totais somaram R$ 415,6 bilhões, crescimento de 3,5% sobre o apurado um ano antes, mas queda de 1,9% na comparação com os três últimos meses de 2011.
Receita de prestação de serviços e tarifas x despesas de pessoal
A receita de prestação de serviços e tarifas bancárias atingiu R$ 2,473 bilhões, o que representa um crescimento de 15,5% nos últimos 12 meses e de 6,7% no primeiro trimestre deste ano.
Já as despesas de pessoal alcançaram R$ 1,459 bilhão, uma evolução de 8,2% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Conforme estudo do Dieese, a relação entre ambas foi de 169,5%, o que significa que tal receita cobriu as despesas de pessoal e ainda com sobra de 69,5% em março de 2012. No primeiro trimestre do ano passado, essa relação era de 158.9%, um excedente de 58,9%.
489 novos empregos
O balanço revela ainda que o número de funcionários do Santander aumentou 1,25% nos últimos 12 meses, passando de 54.375 em março de 2011 para 55.053 em março de 2012, uma geração de 678 empregos no período, sendo 489 no primeiro trimestre deste ano.
Lucro mundial cai 24%
Em todo mundo, o Santander obteve um lucro de 1,604 bilhão de euros entre janeiro e março, resultado 24% menor que o registrado no mesmo período de 2011. O banco teve essa queda após destinar 3,127 bilhões de euros para provisões para insolvências e para o saneamento de sua carteira imobiliária.
Na Espanha, onde o Santander tem cerca de um quarto de seus ativos, a prolongada desaceleração econômica está prejudicando os resultados e o país contribuiu com apenas 12% do lucro do banco no primeiro trimestre.
A América Latina continuou sendo a principal fonte de ganhos, subindo para 52% do lucro mundial, sendo que só o Brasil foi responsável por 27%. O México participou com 13% e o Chile com 6%. O lucro total do continente caiu 4%, para 1,22 bilhão de euros.
Já os EUA contribuíram com 10% do lucro global, atingindo 240 milhões de euros, uma queda de 17%.
A Europa continental participou com 25% do lucro de todo mundo, o que inclui Espanha, Portugal, Alemanha e Polônia, uma diminuição de 34%, atingindo 584 milhões de euros. O Reino Unido contribuiu com 13% do lucro, ficando em 306 milhões de euros, uma queda de 39%.
Em uma nota enviada à Comissão Nacional da Bolsa de Valores (CNMV), a reguladora da bolsa espanhola, o Santander explicou que já conseguiu superar o capital principal de 9% que é exigido pela Autoridade Bancária Europeia (EBA) antes da data limite de junho, ao obter 9,11%.
No fechamento de março, a inadimplência registrada pelo grupo foi de 3,98%, após aumentar 0,37% na comparação com o mesmo mês de 2011.
O crédito ficou em 746,382 bilhões de euros e os depósitos alcançaram 651,132 bilhões, com crescimentos respectivos de 5% e 6%, que conseguiram melhorar a posição de liquidez do grupo, explicou a entidade no comunicado.