O diretório municipal de Santos/SP do Partido Socialismo e Liberdade (Psol/Santos) organizou, com apoio do Sindicato dos Bancários de Santos e da Intersindical, Seminário Municipal de Debates, dia 03 de março de 2012, no auditório do Sindicato dos Bancários de Santos e Região. Participaram dos debates cerca de 150 pessoas, entre bancários, estudantes, militantes de movimentos sociais e sindicalistas.

As mesas foram formadas pelo coordenador do Movimento dos Sem Terra (MST), Gilmar Mauro; o professor e sociólogo da Unicamp, Ricardo Antunes; e a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública no Brasil, Maria Lúcia Fattorelli.

Gilmar Mauro abordou a conjuntura Internacional e Nacional. O coordenador do MST enfatizou que se nós vivemos num mundo globalizado será impossível que a crise mundial, principalmente verificadas nos países da Europa e nos Estados Unidos, não ocorra também no Brasil. Segundo Mauro, o país irá começar a sentir a crise agora com a queda do crescimento econômico chinês de 9,2% para 7,5%.

De acordo com o coordenador do MST, para combater a crise é preciso que os movimentos sociais e sindicais se organizem e  unam-se em lutas políticas que questionem os ataques do sistema capitalista contra a soberania e os cofres públicos, com juros exorbitantes de dívidas que eles próprios geraram.

Na mesma linha de Gilmar Mauro, o professor Ricardo Antunes explanou sobre um novo período no mundo do trabalho. Disse que atualmente, com as novas tecnologias e outras demandas, há novos tipos de trabalho, não ficando mais restrito ao operário do chão de fábrica. Com isso, os trabalhadores reunidos e organizados em sindicatos devem encontrar novos meios para incorporar estes trabalhadores, a fim de organizá-los na luta por melhores condições trabalho e mais direitos. Para começar, é importante, segundo o sociólogo da Universidade de Campinas (Unicamp), reduzir a jornada de trabalho sem rebaixar salários. Isto incluiria novos trabalhadores no mercado de trabalho estimulando a maior distribuição de renda.

A coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública no Brasil, Maria Lúcia Fattorelli, debateu sobre a Dívida Pública Brasileira e a destinação de dinheiro público para bancos nacionais e internacionais. Conforme Fattorelli, a Dívida Pública do País está sendo aumentada por juros escorchantes cobrados pelo FMI. Isto gera um rombo no Produto Interno Bruto (PIB) de 45,5%, que são destinados ao pagamento de juros aos bancos internacionais e nacionais. Enquanto isso, diminutos 2,8% do PIB são destinados para Educação dos brasileiros e 0% para habitação.

O encontro foi encerrado em torno das 18hs.

Gilmar Mauro faz parte da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra e é apontado como um dos principais pensadores da organização. OMST, criado em 1979, com uma pequena estrutura e com apoio de parte da Igreja Católica, hoje mobiliza cerca de 100 mil famílias e acampamentos e outras 300 mil em assentamentos. Possui uma estrutura que se espalhada por quase 1.000 municípios em todas as regiões do País.

Ricardo Antunes é Professor Titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP. Foi pesquisador na Universidade de SUSSEX, Inglaterra. Doutor em Sociologia, pela USP , Mestre em Ciência Política pela UNICAMP. É pesquisador do CNPq. Publicou, entre outro, os seguintes livros: Adeus ao Trabalho? ; Os Sentidos do Trabalho; A Desertificação Neoliberal; A Rebeldia do Trabalho; O Novo Sindicalismo no Brasil e O que é o Sindicalismo. Atualmente coordena as Coleções Mundo do Trabalho, pela Boitempo Editorial e Trabalho e Emancipação, pela Editora Expressão Popular. Colabora regularmente em revistas no exterior e no Brasil.

Maria Lucia Fattorelli é coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida no Brasil desde 2001, foi membro da Comissão para a Auditoria Integral Equatoriana (CAIC) entre 2007 e 2008 e Assessora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública na Câmara dos Deputados do Brasil entre 2009e 2010.