Privatização, não!

'Sociedade não percebeu o perigo da privatização dos bancos públicos'

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Afirmação é da economista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Esther Dweck

Atingida diariamente com campanhas contra o serviço estatal, a sociedade ainda não percebeu o quanto pode ser nociva para a vida dos brasileiros a privatização dos bancos públicos. Essa é a avaliação da economista Esther Dweck, ex-secretária de Orçamento Federal e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Durante quarta edição do evento Diálogos Capitais, na capital fluminense, nesta terça-feira, 16, Esther explicou a importância da presença do Estado no combate à crise e na aceleração do desenvolvimento econômico.

 

De acordo com a economista, só com a presença do sistema bancário privado os consumidores e as grandes empresas sairão perdendo. "As famílias que estão com dívidas por causas dos juros altíssimos dos bancos privados podem renegociar com os bancos públicos, reduzindo esses juros. As famílias perdem com a privatização. As empresas também, porque estão pegando dinheiro lá fora, criando dívida em dólar", observa, lembrando que nesse caso tornam-se reféns da política americana e das influências do mercado cambial especulativo. Assim, se o real se desvaloriza, o endividamento aumenta, como alerta a professora da UFRJ.

 

Esther Dweck criticou as medidas do governo de Michel Temer. De acordo com ela, a atual conduta de ajuste fiscal, que limita os gastos públicos por 20 anos e pretende mudar a política previdenciária, é um "remédio que mata o paciente". "A solução não é a saída do Estado. Falaram que era só tirar a Dilma, ou aprovar emendas constitucionais, que o crescimento econômico voltaria, mas até hoje estamos esperando", critica ela.

 

Esther acrescenta que um próximo governo precisa se impor, através da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES para reativar a economia. Desde 2016, com a política de austeridade de Temer, as investimentos públicos caíram, junto com a economia.

 

"Os estados e municípios se financiam com os bancos públicos, sejam para saneamento, crédito imobiliário ou mobilidade, e grande parte dos recursos vem da Caixa, por exemplo. O investimento rural é feito pelo Banco do Brasil, como outro exemplo. Houve um desmonte da capacidade de financiamento, passando pela mudança de regras do BNDES, colocando ele como um grande vilão", lamenta.

 

Risco de privatizações

Com a crise financeira e institucional, Esther Dweck alerta que os ataques aos bancos públicos aumentam sob o modelo neoliberal. Numa competição com as empresas privadas, a Caixa e o Banco do Brasil sofrem pressão para ser privatizadas. "Eles querem concentrar o mercado entre os privados para possibilitar a cartelização", diz. 

 

 

Esther também rebate o argumento de defensores do controle do Estado pelo mercado, de que, com a retração do Estado, os bancos privados podem entrar nesses espaços com mais competência. Segundo ela, enquanto a economia brasileira crescia, parte da riqueza estava nos títulos privados, mas quando afundou, a maior parte da riqueza financeira foi para a dívida pública. "Ou seja, ela vai para a esfera financeira e não sai de lá. Quando você tira os bancos públicos, a economia enfraquece", explica.

Fonte Com informações da Rede Brasil Atual
Postado por Fernando Diegues em Notícias

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