Encontro do Mercantil
Funcionários do Mercantil criticam retorno presencial sem negociação
Encontro Nacional defende o fim das metas na pandemia e o apoio psicológico para bancários se readaptarem às atividades profissionais
Melhores condições de saúde, imunização de toda a categoria e melhorias nos protocolos de prevenção e uma negociação dos bancários com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) estão entre os principais itens debatidos sobre a saúde dos funcionários, no Encontro Nacional dos trabalhadores do Banco Mercantil do Brasil (BMB), nesta quarta (4/8).
Os números apresentados pelo Dieese, na abertura do encontro, revelam que a Covid-19 explica o aumento vertiginoso no número de desligamentos por mortes nos bancos: de janeiro de 2020 até junho deste ano, houve um crescimento de 183,6% nestes casos na categoria.
Segundo os sindicalistas, a pandemia tornou-se o tema prioritário da luta do movimento sindical. Mas as transformações no modo e condições de trabalho também repercutem negativamente no corpo e na mente dos trabalhadores. Queremos um debate nacional com a Fenaban
Os participantes do encontro defenderam que essas medidas de prevenção precisam continuar e criticaram os movimentos de bancos, que já estão afrouxando os protocolos e pressionando pelo retorno ao trabalho presencial.
Segundo informação da Fiocruz, tem que haver pelo menos 80% da população integralmente vacinada para um retorno mínimo de normalidade e no atual contexto “não dá ainda para baixar a guarda”.
O movimento sindical insiste com a Fenaban que não pode haver a volta ao trabalho presencial se não dialogar com o movimento sindical, mas os bancos já estão ensaiando o retorno. Pressionam por um protocolo único, por escrito, padronizado para todos os bancos.
Na avaliação dos delegados eleitos para o Encontro Nacional do BMB, tem que haver uma proposta única, com protocolos de prevenção e proteção, pois as informações de sanitaristas e da OMS (Organização Mundial de Saúde) é de que o mundo vai ter que conviver por mais um tempo com a pandemia.
O número de bancários desligados de seus empregos por morte chegou a 152 entre os meses de janeiro e março deste ano. Foram 50 óbitos por mês, em média, ou seja, um aumento de 176% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Os números, na avaliação dos sindicalistas, dão a dimensão da importância da inclusão da categoria entre os grupos prioritários para a vacinação.
Sequelas da Covid e metas
Outra preocupação apontada no encontro são as chamadas sequelas da Covid-19. Os dirigentes sindicais lembraram que, mesmo em casos leves há consequências, algumas graves, como cansaço, fadiga, falhas de memória, infecções renais e problemas cardíacos.
As pesquisas sobre sequelas da Covid realizada pelo movimento sindical foram apontadas pelos participantes do evento como fundamentais para nortear às negociações com os bancos.
A pressão e o assédio moral em função das metas abusivas, impostas em plena pandemia, foram apontados como mais motivos para o adoecimento dos bancários. Há de 17% a 20% mais trabalhadores afastados por doença ocupacional nos bancos do que em outras categorias.
Os sindicalistas apontaram também que, mesmo com a pandemia, o aumento da pressão por metas ocorre também estre trabalhadores que estão em home office.
Na avaliação dos dirigentes sindicais os bancos se aproveitaram da pandemia para acelerar o processo de reestruturação, experimentando o home office e esta nova forma de trabalho também contribuiu para o aumento de casos de LER Dorts. Os funcionários trabalham em mesa onde fazem as refeições, com o notebook no colo. Regular as condições no teletrabalho é imprescídivel.
Foi denunciado os serviços médicos vinculados ao banco que cada vez mais são usados para a empresa “eliminar os empregados que considerados indesejados, para criar dificuldades ao reconhecimento das patologias e que não têm a preocupação de acompanhar a condição de saúde do trabalhador.
Representação sindical
O encontro debateu ainda o desafio da necessidade de novas formas de organização, como dialogar com trabalhadores PJs, terceirizados, agentes de negócio que não possuem a proteção da convenção coletiva de trabalho e sofrem com condições de trabalho ainda mais precárias.
Retorno ao presencial
A forma com que os bancos começam a pressionar pela volta ao trabalho presencial é outra preocupação. O Mercantil manda telegrama para funcionários afastados voltarem a trabalhar. Não garantiu o home office, anunciou que não vai mais pagar transporte alternativo. O banco age como se a pandemia estivesse acabando, disseram os participantes do Encontro.
Os bancários denunciaram casos graves de sequelas, como o de uma funcionária que foi contaminada três vezes pela Covid-19 e ficou com pneumonia e lapsos de memória.
Há casos de bancários que estão há mais de um ano sem função no BMB e que, apesar de protegidos contra a Covid-19, relatam ter o sentimento de abandono por parte do banco, foram transferidos de unidade e até de cidade e só foram comunicados pela empresa das mudanças, dois meses depois.
Os participantes do encontro defendem que o banco garanta um acompanhamento psicológico para os funcionários que necessitarem de ajuda.
Importância da CAT
Os sindicalistas destacaram ainda a importância da emissão da CAT (Comunicação de Acidentes do trabalho) nos casos de Covid e suas sequelas e lembraram que o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou que a empresa tem que emitir a CAT na suspeita de Covid adquirida no trabalho.
Os bancários denunciaram que os bancos negligenciam cotidianamente a saúde e as condições de trabalho da categoria, preocupados unicamente com os lucros.
Os participantes do encontro denunciaram também que os bancos estão monitorando funcionários que não estão usando máscaras, alguns foram advertidos e até demitidos. Bisbilhotam a vida pessoal do bancário que está trabalhando em casa ou em isolamento social, o que é considerado mais um abuso cometido pelos patrões.
Resoluções aprovadas no encontro nacional do BMB
- Prazo para o banco negociar a minuta, caso não faça, os sindicatos vão buscar outros meios, como realizar mobilizações na porta das agências para denunciar à população e campanha nas redes sociais como fizeram os trabalhadores do Bradesco e do Itaú.
- Defesa da padronização nacional no uso das placas de acrílicos (pedido em maio, não foi atendido) e medidas eficientes de prevenção ao coronavírus.
- Mobilização, caso a proposta de PLR venha a ser rebaixada e negociar o tema com o banco. As previsões em função dos lucros são d\e que a participação nos lucros seja melhor este ano.
- Campanha de combate à discriminação contra as mulheres no banco.
- Campanha contra a pressão e o assédio moral por metas abusivas. No encontro, os participantes denunciaram os casos de funcionários desligados por não atingirem os resultados impostos pela empresa.
- Campanha junto à população contra demissões e falta de funcionários e denúncias aos procons e entidades de defesa do consumidor.
- Defender mais contratações de bancários e menos rotatividade.
- Defesa de programas de adaptação para o retorno dos bancários no pós-Covid, garantindo a saúde, a vida e condições de trabalho dos empregados.
Se as negociações não avançarem, será definido o Dia de Luta em redes sociais e em portas das agências.
- Será definido um calendário de negociação e lutas
Escrito por: Carlos Vasconcellos
Fonte SEEB do RJ
Postado por Gustavo Mesquita em Notícias