“Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas)”, escreveu o professor Aziz Ab’Sáber sobre a reforma do Código Florestal, em 2010. Um dos maiores geógrafos e intelectuais do Brasil, infelizmente (ou felizmente), não viveu o suficiente para acompanhar a aprovação do novo Código, permeado de interesses econômicos por parte dos grandes grupos agrários.
Sua aprovação tem gerado uma série de manifestações contrárias. A principal delas, conhecida por “Veta, Dilma!”, tem ganhado amplas dimensões, desde abril deste ano, quando a Câmara dos Deputados aprovou, no dia 25 – por 274 votos a favor e 184 contra –, uma nova versão do texto base, com alterações propostas pelo relator Paulo Piau (PMDB-MG).
As manifestações têm como objetivo o veto de Dilma Rousseff sobre a proposta, já que agora o texto foi encaminhado à presidenta que tem até 25 de maio para apresentar sua decisão. Dilma tem o poder de vetar partes ou a íntegra do projeto, sendo que esta segunda opção reflete o desejo da maioria dos setores.
A
INTERSINDICAL reivindica não ser possível aceitar um projeto que está claramente a serviço do grande capital, quando promove o desmatamento, facilita que nossas riquezas naturais sejam tratadas de maneira produtivista, anistia desmatadores de Reserva Legal (RL) e só favorece o agronegócio que tanto tem contribuído para o aumento da desigualdade e conflitos no campo. Este é, sem sombra de dúvidas, um projeto mal intencionado, que foi aprovado em um esquema de votação totalmente duvidoso, baseado em uma espécie de pegadinha para decidir sobre um fator tão importante para o país e para o mundo.
Conclamamos a todos os trabalhadores e trabalhadoras a aderirem a esta causa, de extrema importância e urgência para o futuro de nossas reservas naturais. Precisamos deixar claro à presidenta Dilma que a população, de todas as categorias e setores da sociedade, não está de acordo com a reforma proposta por uma minoria que visa apenas seus próprios interesses capitais.
ADESÃO GERAL
Muitos já estão aderindo ao movimento “Veta, Dilma”. Desde atrizes globais, como Camila Pitanga, que na cerimônia de premiação do titulo de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Lula, interrompeu o protocolo de apresentação e pediu à presidenta: “veta Dilma”; até Procuradores da República, Cientistas e representantes da luta pela terra que preveem um aumento dos conflitos no campo, caso haja a aprovação. Sem contar as redes sociais, onde, há algumas semanas, a campanha tem sido replicada constantemente.