Juntos, os três maiores bancos privados no Brasil obtiveram R$ 11,594 bilhões em receitas com a prestação de serviços e tarifas bancárias durante os três primeiros meses de 2012. No Bradesco, o crescimento foi de 17,3% na comparação com o primeiro trimestre do último ano, de R$ 3,510 bilhões para R$ 4,118 bilhões. O Santander Brasil expandiu 15,5% no mesmo período, de R$ 2,142 bilhões para R$ 2,473 bilhões. Já o Itaú Unibanco ampliou em 12%, para R$ 5,003 bilhões.
Os números já refletem uma nova tendência entre as instituições financeiras de ganhos além do crédito, apontou o educador financeiro Reinaldo Domingos. "Sabendo da maior tendência de baixa dos juros, os bancos já começaram a migrar os ganhos para os serviços. Há uma necessidade de transferir as margens do spread, mas é um reflexo ainda pequeno perto do que virá no próximo trimestre".
Domingos detalhou que as receitas de prestação de serviços serviam para balancear as despesas das agências, principalmente com funcionários, mas que o cenário agora é de lucratividade, já que as quedas nas taxas de juros tendem a reduzir os ganhos com o crédito. "Baixa com o spread e vai buscar em outro lugar. Ainda há a tecnologia, que deixa os custos destes serviços muito baixos."
Em seus resultados, o Bradesco já demonstrou dependência menor do crédito. Do total, 27% correspondem à área de financiamentos, 25% de serviços, 9% de títulos e valores mobiliários e 7% das captações. Até março de 2011, a proporção era de 30%, 25%, 10% e 7%, respectivamente.
A maior expansão, de 20,3% no acumulado de 12 meses, ocorreu nas rendas de cartão, para R$ 1,389 bilhão. Com alta de 19%, as receitas da administração de consórcios cresceram para R$ 144 milhões. Já com conta corrente, o Bradesco faturou R$ 748 milhões no período, acréscimo de 15,3%. "Alta com receita de serviços com a entrada de 2 milhões de novos correntistas e 12 milhões de novos cartões", explicou Luiz Carlos Angelotti, diretor executivo do banco, durante divulgação do balanço.
O economista da consultoria Lopes Filho, João Augusto Salles, disse que o aumento nas receitas com a prestação de serviços está relacionado a entrada de novos clientes, tarifas, sinergia operacional e novos produtos. "32% do resultado do Bradesco veio com seguros e ainda há a área de cobrança, administração de carteiras. O fee é muito elevado".
Salles concordou sobre as reduções de gastos. "A receita com serviços fica ombreando com despesas de pessoal. Enxugam gastos e maximizam ganhos".
Na divulgação do balanço do primeiro trimestre deste ano, Marcial Portela, presidente do Santander Brasil, destacou os bons rendimentos com o ramo de tesouraria e serviços. "Significa que o banco está em uma boa colocação com a queda dos juros".
Ao todo, a instituição obteve R$ 2,473 bilhões em receitas de prestação de serviços e tarifas. Em relação ao período de janeiro a março de 2011, cartões acumulou crescimento de 36,7%, de R$ 473 milhões para R$ 646 milhões. Portela creditou a alta aos serviços de credenciamento de estabelecimentos comerciais para o uso de meios eletrônicos de pagamento, em parceria com a GetNet. "A adquirente tem uma ampla oferta de serviços para pessoa jurídica, que está crescendo e ajuda nas receitas de cartões".
Em seguida, a renda com operações de crédito ampliou 23,4%, para R$ 272 milhões, e serviços de recebimento teve acréscimo de 17,2% ante o primeiro trimestre de 2011, para R$ 146 milhões.
Já o Itaú Unibanco obteve expansão da renda com prestação de serviços e tarifas de 12% no ano, para R$ 5,003 bilhões. Os destaques, segundo Rogério Calderón, diretor Corporativo e de Controladoria do Itaú, ficam com o aumento no número de clientes, gestão de fundos e cartões.
Os serviços de conta corrente expandiram 30,3% no período, para R$ 750 milhões. O faturamento com a administração de recursos evoluiu 11%, para R$ 707 milhões, e com cartões de crédito subiu 20,1%, para R$ 2,031 bilhões. "O maior uso de cartões permitiu o crescimento anualizado de 20%", disse Calderón.