Precarização
Presidente do Santander escancara ganância de bancos privados
Em evento da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais do Mercado de Capitais), o presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, comemorou a liberação do saque das contas inativas do FGTS como um “avanço no debate sobre a desregulamentação do setor bancário” e taxou o crédito direcionado ofertado por bancos públicos, fundamental para áreas como agricultura, habitação e infraestrutura, como uma distorção do sistema financeiro nacional que impede a concorrência no setor.
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Relacionar o saque de contas inativas do FGTS com o debate sobre desregulamentação do setor bancário é um equívoco. O FGTS é uma poupança dos trabalhadores direcionada para financiar o saneamento e a habitação. Isso Rial não esclarece. Enfraquecer o FGTS é o mesmo que cortar recursos para essas duas áreas, já tão carentes no Brasil.
Ao classificar o crédito direcionado como uma “distorção”, Rial ataca os bancos públicos – Caixa, Banco do Brasil e BNDES – que operam linhas de crédito mais baratas para a habitação, obras de infraestrutura e agricultura familiar, responsável por cerca de 70% da produção de alimentos que chegam na mesa do brasileiro e 80% dos empregos no campo.
O presidente do Santander tenta colocar a culpa das altas taxas de juros no crédito direcionado. Uma grande falácia. Primeiro pelo fato de a Selic, referência para as taxas cobradas pelos bancos, já ser alta. O que impede a concorrência não é o crédito direcionado, e sim a absurda concentração no setor bancário, no qual apenas cinco bancos detêm quase todo o mercado. Por fim, Rial não fala que um dos componentes do spread bancário, a diferença entre as taxas que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram do cliente final, é o lucro do banco. Se quer concorrer, que diminua o spread do Santander.
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O ataque de Rial ao crédito direcionado está alinhado com o discurso do governo Temer. Em seminário sobre o spread bancário, o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que já atuou como economista-chefe do Itaú, defendeu que as linhas de financiamento mais baratas praticadas pelos bancos públicos encarecem o custo total do crédito no país.
Os banqueiros estão alinhados com o atual governo e sua política neoliberal desde o início. A ganância é tanta que Rial, presidente de um banco estrangeiro que já se utilizou dos lucros obtidos no Brasil para segurar o resultado da instituição na Espanha, não se constrange em atacar publicamente o crédito mais barato para áreas tão carentes como moradia e saneamento. Defende sem o menor pudor uma política econômica rentista, sem a menor preocupação com a população e o desenvolvimento do país.
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Fonte SEEB SP
Postado por Fabiano Couto em Notícias