Nesta segunda, dia 02/05, a diretoria do Sindicato dos Bancários de Santos e Região realizou protesto inédito, a partir das 9h, em frente a maior agência do Bradesco em Santos, na rua Amador Bueno, 72, no Centro.
Dezenas de bancários vestiram uma faixa de 40 metros de comprimento ininterruptos, como um colete frente e verso, para denunciar demissões em massa imotivadas, que contrariam a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho – OIT.
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Em março último, três funcionários do Bradesco foram demitidos de uma única vez por erro humano, que não acarretou nenhum prejuízo ao banco.
Todos trabalhavam na agência da Antonio Emmerich, em São Vicente. Na unidade, onde deveriam trabalhar 16 funcionários, atualmente apenas nove bancários sobrecarregados fazem o serviço. Porque quatro estão acometidos por doenças ocupacionais, devido a sobrecarga de trabalho e três foram demitidos.
Convenção 158 espera desde 2008 no Congresso Nacional
A Convenção 158, que impede as empresas de fazerem demissões imotivadas, foi aprovada pela OIT em Genebra (Suíça) em 1982, mas o acordo foi rompido pelo governo brasileiro após o decreto 2.100, de 1996, assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Entretanto, a Convenção 158 espera no Congresso Nacional para ser ratificada desde 2008. Primordialmente, a Convenção 158 visa atenuar a rotatividade no mercado de trabalho.
Em junho de 2010, a taxa de rotatividade auferida pelo Ministério do Trabalho foi a maior para o mês desde 2005, atingindo 4,1 pontos, superior aos 3,9 pontos registrados em junho de 2008, quando a economia passava por expansão semelhante. Mas alguns setores, como construção civil e agropecuária, tiveram taxas de rotatividade muito superiores à média.
A Convenção 158 inibe exatamente isso, quer dizer, que empresas troquem de funcionários como forma de diminuir seus custos com mão de obra, diz Sérgio Mendonça, assistente da coordenação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Enquanto o setor de serviços registrou taxa de rotatividade de 3,6 pontos em junho de 2010, inferior à taxa geral, os trabalhadores de construção civil e do setor agropecuário tiveram taxa de rotatividade de 7,5 e 6,1 pontos.
O comércio também apresentou resultado acima da média, obtendo 4,3 pontos. Nos bancos, a rotatividade também é alta, conforme registrou a última Pesquisa do Emprego Bancário (PEB), realizada pelo Dieese.
Diretoria do Bradesco faz “molecagem” e demite trabalhadores
Demonstrando total desprezo pelos trabalhadores, a diretoria do Bradesco enrolou e disse que nada podia fazer sobre as demissões imotivadas de três funcionários, da agência Bradesco/Antonio Emmerich, em São Vicente. Foram três reuniões, de um lado o empenho e a boa vontade da diretoria do Sindicato em resolver a situação, do outro a enrolação de superintendentes e do diretor de Recursos Humanos (RH) do banco, José Luiz Rodrigues Bueno, que com desprezo tentou esfriar o caso para dizer NÃO três vezes. Os bancários foram demitidos em março último, de uma única vez e sem justificativa.
A 1ª reunião, realizada no Sindicato, com o gerente regional da Baixada Santista, Carlos Roberto Superbia, dia 04/04/2011, aconteceu depois que os bancários e a diretoria do Sindicato paralisaram dia 31/03/2011 a agência. Superbia inteirou-se das reivindicações para readmissão dos funcionários e disse que levaria à diretoria do Bradesco. Na 2ª reunião, dia 08/04/2011, participaram os dirigentes sindicais e Geraldo Grando, gerente de relações sindicais do Bradesco, além de Superbia, os dois trouxeram a resposta de não readmitir os bancários.
Os sindicalistas insistiram nas readmissões, pois já havia falta de funcionários, quatro estavam afastados e depois das demissões sobrariam somente nove para fazer o serviço de 16, num total desrespeito a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho - OIT. Foi quando os representantes do banco pediram para ligar à matriz. A resposta do Bradesco foi novamente NÃO.
Diante das negativas, os diretores do Sindicato advertiram que as manifestações e paralisações nas agências do Bradesco iriam continuar. Neste momento, o diretor de RH do Bradesco, Bueno, liga para o Geraldo que comunica a realização de uma nova reunião, em 19/04/2011, em Osasco para rever os casos e afirma que Bueno suspenderia as demissões até aquela data.
É bom salientar que mesmo a diretoria do Sindicato entrando em contato com o Geraldo, no dia anterior a reunião, para adiar o horário em Osasco, nada foi dito sobre manutenção das demissões.
Então os diretores do Sindicato viajam até a matriz do Bradesco e logo percebem a enrolação, o descaso e a “molecagem” do diretor de RH, Bueno, que afirma pela 3ª vez que não readmitiriam os três funcionários. A diretoria do Sindicato levantou-se imediatamente da mesa do RH e afirmou que estas manobras desleais do Bradesco não adiantariam e as manifestações seriam realizadas.
Isto demonstra que os banqueiros não falam sério e mentem quando dizem que as soluções trabalhistas estão nas negociações. O Sindicato não dará trégua ao Bradesco. A luta com manifestações, a mobilização da categoria e a greve são as únicas armas que eles respeitam !!!
Mesmo com a falta de funcionários para atender os clientes, a falta de condições de trabalho, a exploração dos funcionários, o Bradesco vem demitindo em massa e cobrando tarifas absurdas.
Quem sofre são os poucos funcionários remanescentes que acumulam funções e trabalho e os clientes que enfrentam duras filas. Nesta agência de São Vicente os números explicam as denúncias: em média são atendidas 500 pessoas pelos nove bancários que sobraram, pois três foram demitidos e quatro estão afastados por problemas de saúde acometidos pela falta de condições de trabalho.