Um cliente do Santander Totta não foi atendido no balcão de Celeirós, Braga, em Portugal, por estar "mal vestido". Ele recebeu 169 euros na rua. Por isso, ele apresentou queixa na GNR. O banco condena episódio e abriu inquérito.
Discriminação
Paulo Ribeiro, dono de uma sucata, nem queria acreditar quando o gerente da unidade bancária lhe disse que não podia levantar um cheque no interior da dependência.
"Vinha do trabalho e passaram-me um cheque de 169 euros. Como o banco fica no caminho, decidi ir levantá-lo, mas fui posto na rua por estar mal vestido", lamenta o empresário, de 36 anos e natural de Figueiredo, Braga, reportando-se à manhã de terça-feira (18).
"O gerente disse-me que pensava que eu era romeno. Isto é racismo", lembra, indignado com a situação, acrescentando ter pedido o livro de reclamações, o qual lhe foi inicialmente recusado. "Disse que só o dava depois de eu tomar banho e vestir outra roupa", acrescenta ainda.
Ato contínuo, decidiu chamar as autoridades. A GNR foi ao local e tentou identificar o gerente do banco mas, segundo Paulo Ribeiro, sem êxito. "Disse que não se identificava e que, se as autoridades quisessem identificar alguém, que identificassem o banco".
Vídeo comprova discriminação
A situação é perceptível em vídeo onde se vê o gerente do banco entregar o valor do cheque em numerário a Paulo Ribeiro.
"Acabei por ser atendido na rua. Ele foi lá dentro com o cheque e entregou-me, cá fora, o dinheiro", explica o empresário, que nunca tinha sido confrontado com semelhante atitude.
"Isto nunca me tinha acontecido. Nem nunca pensei que fosse possível. Andamos a trabalhar e a pagar impostos para sermos tratados desta forma", frisa.
Paulo Ribeiro avançou com uma queixa na GNR e fez uma exposição dos factos ao Banco de Portugal. "É preciso denunciar estes procedimentos. Não quero que aconteça a outro cidadão qualquer, independentemente de raça ou estrato social", alerta.
A GNR de Braga confirma a queixa e o Santander Totta o caso. "De imediato, abriu-se um procedimento interno para apurar os fatos que efetivamente ocorreram, processo esse que continua em curso", explica Cristina Dias Neves, representante da comunicação do Santander Totta.